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O álcool é um dos problemas públicos mais graves do planeta, muitas vezes negligenciado pela sociedade e autoridades .

Se dois indivíduos consomem um volume idêntico de álcool durante uma semana, um mês ou um ano, aquele que apresentar episódios intensos de alcolismo ( binge drinking ) tem mais probabilidade de passar por certos tipos de problemas, do que o que ingere doses diárias menores ( Grifth Edwards e Autores 1994)

Binge drinking significa beber em grandes quantidades até que os níveis de concentração de álcool no sangue possam atingir 0,08g/dL. Para o adulto esse padrão é equivalente a cinco doses ou mais para homens e quatro ou mais para mulheres, consumido dentro de um prazo de 2 horas

Comportamento quando alcoolizado. O modo como um indivíduo se comporta quando alcoolizado pode ser um fator importante de geração de problemas, particularmente no domínio social (MacAndrew e Edgerton 1969)

Vou listar alguns dos problemas causados pelo consumo de álcool : danos físicos, psicológicos e sociais

Danos físicos; Danos que afetam o sistema nervoso e causam lesões cerebrais e vários tipos de neurite periférica (Victor et al.,1989)

Pressão sanguínea alta, doenças cardíacas e derrame cerebral (saunders et al., 1981).

Cânceres de orofaringe, laringe, esôfago, estômago, fígado, reto e de mama ( International Agency Research on Cancer , 1988) .

Danos psicológicos; o desequilibro do controle emocional pode resultar em violência contra outras pessoas (Martin,1992).

O alcool resulta em auto-agressão e pode levar ao suicídio( Murphy e Wetzel, 1990).

Quadros de demência ( Lishman et al. 1987)

Danos sociais ; mau desempenho na profissão, faltas ao trabalho, exoneração, desemprego e acidentes no trabalho ( Pratt e Tucker , 1989)

Todos esses fatores juntos podem causar ao alcoolista um estado de indigência, cadeia, hospitais psiquiátricos e até mesmo a morte. Se não houver um tratamento enquanto há tempo .

Mortalidade por cirrose, câncer hepático e transtornos devidos ao uso de álcool: Carga Global de Doenças no Brasil, 1990 e 2015

https://www.scielo.br/j/rbepid/a/PvZkBQZ3GYGVbcGkwgf4Sfg/?lang=pt

Dados de Mortalidade por cirrose no mundo:

As Informações a seguir foram retiradas do curso oferecido pelo instituto federal do Rio grande do Sul.

Características ocultas do cigarro

Dependência do cigarro

Fala-se muito da dependência física causada pela nicotina, substância psicoativa, estimulante do Sistema Nervoso Central. A dependência psicológica é menos citada, porém atua com bastante força e de forma bem complexa. Requer um olhar atento para que se possa entendê-la.

A grande maioria dos fumantes experimenta o cigarro na adolescência. Apesar do fumante, na maioria das vezes, sentir-se mal na primeira tentativa, ele insiste em “aprender” a fumar, por achar que valerá a pena, isto é, haverá um ganho com esse comportamento. Através dele, poderá integrar-se ao grupo de amigos, parecer mais velho, ter status frente aos pares. Muitos fumantes afirmam que insistiram por achar que fumar era “bonito”.

Para ler e refletir…

INCA Instituto Nacional do Câncer e Ministério da Saúde – Manual Ajudando seu paciente a deixar de fumar. Rio de Janeiro, 1997.

O cigarro passa a fazer parte da vida do fumante e torna-se um meio de enfrentá-la. Podemos dizer que, no fumante adolescente, sua personalidade estrutura-se com o auxílio do cigarro. Ele entende que só pode enfrentar a vida com o cigarro ao seu lado, não acreditando que seja capaz sem ele. De fato, o cigarro foi útil num momento de fragilidade, porém com o tempo estabeleceu-se a dependência física e psicológica. O fumante fica preso à armadilha. Ele sofre sem o cigarro, não se conhece mais sem ele, não sabe mais distinguir que características são suas e quais as provocadas pelo uso do cigarro.

É muito comum o fumante referir-se ao cigarro usando os termos “amigo”, “companheiro”, “parceiro”… , mostrando que o cigarro participa de sua vida como muito presente e atuante. Muitos fumantes quando pensam em parar de fumar sentem-se muito tristes por ter que dizer adeus ao cigarro. O cigarro acaba sendo investido de atributos humanos para aplacar sua solidão, seus sentimentos, suas dificuldades. Muitas de suas capacidades estão depositadas no cigarro, achando que só poderá realizar tal atividade devido a ele. Desta forma o fumante acredita que só pode escrever se fumar, criar se fumar tiver uma atividade mental se fumar, relacionar-se com os outros se fumar.

O termo “fissura” é usado para descrever o mal-estar e a vontade intensa de fumar. Passadas as primeiras semanas, a “fissura” á atribuída à dependência psicológica. (INCA, 1997). Trata-se da lembrança da sensação de prazer provocada pelo cigarro e das associações feitas nos momentos de dificuldades. Por exemplo, após uma situação de nervosismo ou dificuldade, o “quase ex-fumante” pensa em acender um cigarro para se acalmar, relaxar. O fumante sabe que se acender um cigarro irá sentir um efeito positivo e esse fato o faz procurar o cigarro novamente. A muleta que o cigarro representa para enfrentar situações difíceis é lembrada sempre que o fumante se depara com elas.

A dependência psicológica precisa ser tratada tanto quanto a dependência física. Faz-se necessário um acompanhamento psicoterápico em grupo ou individual para ajudar o fumante a tomar consciência da situação, perceber o que o cigarro representa na sua vida e que lugar ocupa, no intuito de ajudá-lo a perceber que o cigarro é somente um cigarro e que provavelmente é atribuído a ele muitos aspectos seus.

(CHARRAN, Ivone Maria. Monografia “O fumante e o cigarro: significado simbólico desta relação” 
conclusão de curso de Especialização em Abordagem Junguiana. Cogeae – PUCSP – 2007.)

Essa expectativa muito positiva quanto ao cigarro, (criada principalmente pela propaganda, cinema e mídia durante anos) é aceita sem questionamentos. O cigarro parece ser vivido, não conscientemente, como um grande ajudante para lidar com os sentimentos desagradáveis próprios da adolescência, dando sensação de bem-estar. Graças a suas propriedades psicoativas, o cigarro é capaz de provocar sensação prazerosa, estimulante e ansiolítica e, desta forma, aplacar o mal-estar característico deste período, sem dar chance ao indivíduo de enfrentar essas situações com seus próprios recursos, aprender e se desenvolver com elas. No fumante que inicia mais tarde, o processo basicamente é o mesmo. Em qualquer período da vida podemos passar por situações difíceis de lidar.

Cigarro como droga social

Motivações que levam uma pessoa a fumar:

As motivações são inúmeras e das mais variáveis. Elas variam em função da idade, do ambiente familiar, do nível sócio econômico, das origens étnicas e raciais, entre outros fatores. Mas podem ser agrupadas de duas maneiras principais:

  1. Na juventude, tanto pelo modelo familiar, como pela identificação com um grupo, ou com pessoas que se destacam  socialmente ou no meio artístico, ou simplesmente induzido pelos modismos e pelas elaboradas armadilhas das propagandas divulgadas pela mídia.
  2. Mais tarde, ou em idade mais avançada, por acreditar que o ato de fumar pode preencher, sem riscos, espaços abertos pelos desequilíbrios e situações emocionais graves ou intensas, repentinas, imprevistas, paliativas para substituir algo ou alguém, busca de uma nova sensação de prazer etc.
Função psicológica do cigarro

O fumante “enxerga” no cigarro um ponto de apoio psicológico ou emocional, além de uma fonte de prazer que, apesar de danosa à sua saúde, é incorporada aos seus hábitos. Muitas pessoas sentem que o cigarro as relaxa; então, elas fumam sempre que estão tensas. Se fumar ajuda você a relaxar é porque o cigarro lhe é familiar – ele é familiar da mesma forma que um amigo próximo – e, assim, é uma fonte de alívio. Alguns fumantes ficam tensos só em pensar em parar de fumar, uma vez que não se imaginam vivendo sem o fumo.

As propagandas das indústrias do tabaco associam o fumo a situações contrárias ao seu real efeito, tais como bom desempenho sexual e esportivo, beleza, inteligência, poder de decisão e sucesso profissional, levando ao condicionamento mental dessa droga.

O fumante incorpora o cigarro à suas rotinas de tal forma, que algumas situações são obrigatoriamente acompanhadas por ele. As mais citadas pelos fumantes são:

  • Atender ao telefone;
  • Após refeições;
  • Após relações sexuais;
  • Após bebidas estimulantes como café ou álcool;
  • Quando param o carro em congestionamentos; e
  • Situações de tensão ou de expectativa.

O condicionamento psicológico se baseia na criação de hábitos e rituais, no condicionamento mental e na sensação estimulante produzida pelo fumo. Desta forma, o cigarro parece entender o prazer, só que de maneira errônea

Tabela 1 – Pesquisa doméstica sobre o Uso de Drogas (2001)

SubstânciasAcessibilidadePoder do Vício**LetalidadePrecocidade***
NicotinaGrande80Alta15,5
HeroínaPequena35Média19,5
CocaínaMédia22Alta21,9
Sedativos*Média13Média19,5
Estimulantes*Média12Alta19,3
MaconhaMédia11Baixa18,4
AlucinógenosGrande9Baixa18,6
Analgésicos*Média7Média21,6
ÁlcoolGrande6Média17,4
Tranquilizantes*Média5Média21,2
InalantesGrande3Média17,3

Legenda: 
* Uso não médico de substâncias psicoativas
** % de usuários que se tornam dependentes 
*** Idade do primeiro uso, em anos

O início da dependência química

A dependência química começa em casa

A drogadição não é apenas uma doença “cerebral”. Um dos elementos sociais envolvidos na drogadição é a exposição a estímulos condicionantes. Devemos entender a dependência química como uma doença bio-psico-social,  formada por componentes biológicos, psicológicos e de contexto social.

Muitos dos dependentes químicos iniciaram e iniciam seu relacionamento com as drogas exatamente no lugar onde se julgaria que estariam mais seguros dentro de casa. Na realidade é em casa, em família, que as crianças  aprendem como se relacionar com as substâncias químicas. Os pais são o modelo de comportamento adulto dos filhos.

O fato é que muitas famílias adotam um modelo de comportamento permissivo em relação às substâncias químicas, utilizando-as como alternativa para a solução imediata de suas angústias e problemas. Até o fim da infância os  pais são vistos como referência do que é certo, um espelho e, somente na adolescência, quando passam a ter contato com outros modelos de comportamento, que começam a questioná-los. Mas é na infância que o indivíduo  estabelece sua forma de lidar com o mundo, com as angústias e com as emoções. Como exemplo o pai que chega em casa e, estressado, toma um whisky, ou a mãe que usa um calmante, para relaxar.

Isso implica em um modelo de que para qualquer problema, uma substância química é uma solução rápida.

As crianças descobrem a “farmacinha” doméstica e vão à busca daqueles remédios gostosinhos, como por exemplo, alguns xaropes com gosto doce, ou mesmo alguns comprimidos que parecem balas.

Junto a este modelo familiar uma das características mais típicas dos adolescentes é o imediatismo, onde para qualquer dificuldade do dia a dia o “remedinho” ou a bebida vira um alívio imediato para o desconforto que  se criou com o problema em questão. Com estes elementos está criado o ambiente onde a dependência química se instala.

As crianças e adolescentes não aprendem com discurso, mas com comportamento, com exemplo, com coerência. E aí entra uma série de aprendizados indiretos, muitas vezes não relacionados com as drogas em si, mas que fazem  parte deste modelo. O diálogo é o modelo que precisa ser implantado no ambiente familiar.

O consumo de álcool e tabaco também começa em casa

“As drogas que mais destroem os indivíduos estão expostas nas cristaleiras ou consumidas em qualquer festa familiar” 

(Meillyn Hasenauer Zaitter Lemos, 2010).

O estereótipo de que droga é só maconha e cocaína contribui para o consumo intenso de álcool e tabaco podendo desta forma o álcool ser anunciado livremente  e costuma ser vinculado pela publicidade até a imagem de atletas. Já se sabia que o álcool é o psicotrópico de uso mais difundido no País, mas a estridência dos  meios de comunicação ao falar de drogas ilegais sugeria que elas estariam tomando a prioridade como ameaça social. Mais silenciado e em muitas instâncias protegido por uma capa de respeito, o álcool é consumido  regularmente de três a quatro vezes por semana ou até todos os dias (Fonte: Blog Rede Adeco).

Subvícios da família

Subvicio é qualquer hábito ou vício familiar “socialmente aceito” como o tabagismo, o alcoolismo, o “trabalhismo”, a automedicação etc.

“…Quando criança achava legal meu pai fumar. Olhava e achava bacana. Roubava cigarro para brincar, queimava como chaminé de castelos de areia. Papai pedia para comprar cigarros, pegar fósforos na cozinha. Papai  falava que era porcaria mas vivia sempre fumando. Um dia roubei cigarro e fui experimentar no banheiro. Lá estava meu irmão mais velho com outro cigarro. Um deu força para o outro. Com 13 anos experimentei maconha.  Com 15 fumava de cinco a seis baseados por dia. Papai parou de fumar. Hoje com 17 anos, não consigo parar nem o tabaco, nem a maconha…” (Depoimento de um jovem de 17 anos, aluno do primeiro colegial).

Como é adquirido o vício

Existem muitas questões sobre a natureza do vício. A negação é um bom indicador de dependência? Algumas drogas realmente causam tanta dependência quanto as pessoas dizem? Quando se trata de questões sobre prevenção do  uso de drogas e álcool, existem muitas táticas, mas convencer uma pessoa a não usar essas substâncias é muito difícil, principalmente quando usamos argumentos exagerados, já que o exagero provoca sentimentos de desconfiança.

Embora aprofundado o estudo do vício, ele ainda é um conceito relativamente novo. Mas como surgiram relatos e confissões de pessoas que tinham um desejo irresistível de consumir álcool e drogas (uma vez que se tornaram  mais acessíveis), a ideia sobre algumas substâncias mudou, acabando por então ser desenvolvido o conceito do vício.

Acreditava-se que certas substâncias como o álcool e depois o ópio, tinham propriedades viciantes, o que significa que era o seu conteúdo o culpado. Com o tempo essa ideia mudou e o vício passou a fazer parte do caráter do viciado.  A dependência de drogas e álcool era vista como uma falha da personalidade, que a pessoa não conseguia se comportar. Posteriormente, o vício passou a ser visto como algo como uma doença, um sofrimento que a pessoa teria. 

Embora tenhamos conhecimento de que certas substâncias agem no cérebro de forma a fazer com que a pessoa queira usar mais, os viciados em drogas e os alcoolistas ainda são considerados pela sociedade como desvirtuados ou  aqueles que não “querem nada com nada”. E com todos os dados disponíveis e os avanços médicos na identificação de diferentes aspectos do abuso de álcool e substâncias ilícitas, a ciência ainda está trabalhando com algumas  questões importantes, como a possibilidade de as substâncias serem viciantes ou as pessoas serem viciadas nas substâncias ou quem sabe os dois. 

Podemos afirmar que o vício tem seu início sob quatro aspectos principais:

  • Problemas emocionais: relacionamento familiar abalado, conflitos internos, crise existencial, não aceitação de normas e síndrome da adolescência somam 65%.
  • Curiosidade: efeito e má orientação, principalmente sobre as drogas como os solventes (cola) e a maconha – 20%.
  • Exibicionismo – auto-afirmação: mostrar aos outros que também “entrou nessa” – 10%.
  • Problemas mentais: muitos pais preferem internar seus filhos em hospitais específicos para tratamento de drogas, alegando que o mesmo está fora da realidade por usar a substancia x – 5%. 

Como causa mais importante, podemos destacar os problemas emocionais, isto porque envolvem má formação da família ou obstruções familiares que seriam os rompimentos inter-relacionais.

As dependências física e psicológica

Dependência física

Para que tenhamos a ideia do mecanismo da dependência, lembro aqui a experiência do cientista russo Ivan Pavlov que ficou consagrada nos meios científicos de todo o mundo.

Pavlov realizou sua experiência em um cão. Ao ser colocado diante de um pedaço de carne, o animal salivava porque já havia comido este alimento, havia  gostado e assim, ao ver a carne, o cão já se aproximava salivando. Na etapa seguinte da experiência, Pavlov associou à presença do alimento uma fonte luminosa ou uma campainha. O cientista trazia o cão, acendia a luz, tocava a campainha, mostrava a  carne e o cão, imediatamente, salivava. Numa etapa mais avançada, o cientista verificou que, ainda que não mostrasse a carne, mas se acionasse a fonte de luz ou a campainha, o cão salivava da mesma forma. F icou evidenciado que o cão passou a associar a carne aos outros dois elementos e a salivação fazia parte de um conjunto de estímulos da presença da luz ou do som da campainha. A esta experiência, Pavlov  denominou de reflexo condicionado.

De forma semelhante, os seres humanos muitas vezes entram numa situação de dependência, pela associação de elementos. Por exemplo, uma pessoa que chega do trabalho com dor de cabeça e toma uma medicação para  aliviar, se sentindo melhor. Com o tempo, ela passa a associar à medicação o fator bem-estar e daí para a dependência é apenas um pequeno passo. A dependência física pela necessidade do remédio criada no organismo.

A suspensão da substância utilizada acarretaria a chamada crise da “abstinência”. A dependência física é o resultado da adaptação do organismo, independente da vontade do indivíduo. Isto significa que o corpo não suporta  a síndrome da abstinência entrando em estado de pânico. Sob os efeitos físicos da droga, o organismo não tem um bom desenvolvimento.

A dependência física se constitui quando determinada droga, que é utilizada como abuso, cria aspectos de tolerância e de síndrome de abstinência. Para Eddy et al. (1965) é “um estado adaptativo que se manifesta por intensos  distúrbios físicos, quando a administração de uma droga é suspensa”, que caracteriza um estado denominado craving.

Dependência psicológica

A dependência psicológica se relaciona com a necessidade de usar determinada droga para ter um uma sensação de bem estar e alívio das tensões. Caracteriza-se por fenômenos cognitivos  onde sempre há uma busca pelos efeitos iniciais do uso da droga.

A dependência psicológica é influenciada pela droga, pelos seus efeitos positivos (a boa viagem) e negativos (a má viagem), pela companhia do uso (sozinho, com amigos, com desconhecidos) e pelos estados emocionais e afetivos.

Em estado de dependência psicológica, o indivíduo sente um impulso irrefreável, tem que fazer uso das drogas a fim de evitar o mal-estar. A dependência psicológica indica a existência de alterações psíquicas que favorece a  aquisição do hábito. O hábito é um dos aspectos importantes a ser considerado na toxicomania, pois a dependência psíquica e a tolerância significam que a dose deverá ser ainda aumentada para se obter os efeitos desejados. A  tolerância é o fenômeno responsável pela necessidade sempre presente que o viciado sente em aumentar o uso da droga.

Em estado de dependência psíquica, o desejo de tomar outra dose ou de se aplicar, transforma-se em necessidade que, se não satisfeita, leva o indivíduo a um profundo estado de angústia (estado depressivo). Esse fenômeno não  deverá ser atribuído apenas às drogas que causam dependência psicológica. O estado de angústia, por falta ou privação da droga, é comum em quase todos os dependentes e viciados.


Este material foi baseado em:
ZAITTER, Menyr Antonio Barbosa; LEMOS, Meillyn Hasenauer Zaitter. Psicologia aplicada à reabilitação. Curitiba: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná/Rede e-Tec, 2011.

Última atualização: quinta, 20 jan 2022, 14:47

Drogas e suas consequências

A droga e o grupo

Como pensar na inserção do jovem ao mundo das drogas? Entre os impedimentos para a autoidentificação, no período da adolescência, destaca-se a rejeição.

Caracterizado pelo abandono a que se sente relegado o jovem no lar, esse estigma o acompanha na escola, no grupo social, em toda parte, tornando-o tão amargurado quão infeliz. Sentindo-se impossibilitado de se auto-realizar, o adolescente, que vem de uma infância de desprezo, foge para dentro de si, rebelando-se contra a vida que é a projeção inconsciente da família desestruturada, contra todos, o que é uma verdadeira infelicidade. Daí ao desequilíbrio, na desarmonia psicológica em que se encontra, é um passo.

Todos os tipos de drogas tornam-se convites de soluções para os jovens sem percepção, que se entregam medrosos, nos seus vapores venenosos e destruidores, que só a muito custo conseguem superar, após exaustivos tratamentos e muito esforço.

Condições de vida que aumentam a probabilidade do problema surgir:

  • Individuais
  • Familiares
  • Escolares
  • Comunitários
  • Fatores de risco

Duas ou três causas juntas como, por exemplo, curiosidade, desinformação e falta de perspectiva, transformam os jovens nas mais indefesas vítimas dos traficantes de drogas. Curioso por natureza, desinformado por omissão de quem devia orientá-lo e sem perspectiva de um futuro melhor, certamente ele irá experimentá-la. E daí ao vício é apenas questão de tempo.

As drogas e suas vítimas

A visão popular mais comum sobre os usuários de drogas é que são pessoas fracas e más, que não querem levar uma vida norteada por princípios morais nem controlar seu comportamento e a satisfação de seus desejos. Há muitas pessoas que acham que pessoas adictas não merecem nem receber tratamento ou, o que é pior ainda, algumas pessoas consideram aquelas que trabalham na prevenção do abuso de drogas como também portadoras de ideologias diferentes do público geral, portanto, passando a ser igualmente problemáticas e indesejáveis.

A divergência entre a maneira de ver o usuário de drogas como uma “pessoa má” e de vê-lo como um “portador de doença crônica” é de fundamental importância para a compreensão e atuação junto ao problema.

O problema das drogas é muito maior do que imaginamos e não será solucionado enquanto a sociedade não se conscientizar da sua importância neste combate, principalmente porque as drogas não escolhem vítimas, não respeitam classes sociais e nem mesmo se preocupam com o poder aquisitivo das pessoas. Simplesmente elas chegam e se apossam dos indivíduos que, salvo raras exceções, tornam-se seus escravos.

É indiscutível que a sociedade gera, permanentemente, fatores criminógenos que provocam reações de efeitos diversos, dependendo do caráter e da personalidade de cada um. Nem todo menor carente é um infrator ou poderá se tornar um marginal, em função da miséria e do abandono em que se encontra. No entanto, suas necessidades culturais e afetivas constituem um campo fértil a impulsioná-lo para a marginalidade (Fonte: Portal Educação).

Este jovem desprovido de maturidade emocional, vivendo a complexidade da vida humana, o medo de enfrentar dificuldades, as frustrações e o modismo é um forte candidato para as drogas.

O jovem usuário de drogas tem dificuldade de formar um “eu” adulto e fica sempre com uma sensação de incompletude; a droga age como um cimento nas fendas da parede que completa seu “eu”. As carências constituídas na primeira infância acarretam esta “falta” ou “incompletude” e a droga vem para completar.

É no grupo que o jovem busca a sua identidade, faz a transição necessária para alcançar a sua individualização adulta. Porém, o jovem tem o livre-arbítrio na escolha de seu grupo de companheiros. O tipo de grupo com o qual ele se identifica tem tudo a ver com sua personalidade.

Outra motivação forte para o jovem buscar a droga é a transgressão. Transgredir é contestar, é ser contra a família, contra a sociedade e seus valores. Certa dose de transgressão na adolescência é até normal, mas quando ela excede com drogas, representa a desilusão e o desencanto.

Os jovens, muitas vezes, utilizam determinada droga para apontar a incoerência do mundo adulto que usa e abusa das drogas lícitas ou legais como álcool, cigarro e medicamentos. Acredita que os adultos deveriam ser um ” porto-seguro”, um referencial da lei e dos limites.

A “onipotência juvenil” é uma característica da adolescência que faz com que o jovem acredite que nada vai acontecer, pode usar drogas e não vai se tornar dependente.

No entanto, é ainda maior o risco de dependência, no jovem quando:

  • Possui dificuldade de desligar-se da situação de dependência familiar;
  • Existem falhas na capacidade de reconhecer-se como indivíduo adulto, capaz e separado dos outros;
  • Possui dificuldades de lidar com figuras de autoridade, desafia e transgride compulsivamente.

A sociedade atual tem pouco a oferecer para a criança antes que sejam considerados adultos produtivos, suas vidas não possuem significado e seus modelos são os heróis intocáveis e os bandidos da televisão. Os jovens sabem que nunca serão estes heróis e sentem necessidade de se descobrir e responder a questão “Quem sou eu?” É tão difícil para o jovem ser ele mesmo que acaba representando vários papéis, um em casa, outro com os colegas, outro na escola, indefinidamente espera ser levado em conta.

Distúrbios psicológicos e a droga

Estudando psicologicamente a formação de hábitos, veremos que, como comprovam estudos experimentais de psicólogos comportamentais, todos os comportamentos reforçados por uma recompensa positiva (agradável) tendem a ser repetidos e aprendidos. As futuras e sucessivas repetições tendem a fixar não só esse comportamento que conduz à recompensa mas, também, pode fixar os estímulos, sensações e situações eventualmente associados a esse comportamento.

A psicologia social, por exemplo, identifica elementos importantes que podem estar envolvidos na falta de autocontrole para o consumo de drogas, bem como em outros comportamentos descontrolados, tais como fazer apostas, comer de forma compulsiva, etc. É de interesse formular conceitos que expliquem como essas falhas de regulação leva, em última instância, à adição no caso do uso de drogas. 


Este material foi baseado em:
ZAITTER, Menyr Antonio Barbosa; LEMOS, Meillyn Hasenauer Zaitter. Psicologia aplicada à reabilitação. Curitiba: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná/Rede e-Tec, 2011

Última atualização: quinta, 20 jan 2022, 14:51

A doença mental e a psicologia da droga

Reflexão

Doença mental e abuso de substâncias – PERFIL: DUPLO DIAGNÓSTICO

Aqueles que lutam com os dois, doença mental séria e abuso de substâncias enfrentam problemas de enormes proporções.

Os serviços de saúde oferecidos a pessoas com problema mental, geralmente não estão preparados para lidar com pacientes tendo as duas dificuldades.

Geralmente só um problema é identificado; se os dois são reconhecidos o indivíduo provavelmente vai ficar sendo jogado de um serviço para outro: de uso de substâncias e o de saúde mental, ou terão seu tratamento recusado pelos dois.

Ainda que o quadro de duplo diagnóstico não tenha sido positivo no passado, existem sinais de que o problema tem sido reconhecido e existe um aumento no número de programas tentando resolvê-los.

Atualmente é um consenso que 50% da população com doença mental, também tem um problema de abuso de substância. A droga mais comumente usada é o álcool, seguido pela maconha e a cocaína.

Remédios com prescrição médica como tranquilizantes e remédios para dormir também podem ser usados.

O uso abusivo de substâncias é maior entre homens e aqueles entre as idades de 18 e 44 anos.

Pessoas com problemas mental podem usar drogas escondidas sem que a família saiba. Agora é sabido que os familiares de pessoas com doenças mentais e profissionais da saúde mental (desvalorizam) desconsideram a quantia de pessoas com problemas de dependência aos seus cuidados.

Existem várias razões para isto. É difícil separar o comportamento devido à doença mental daqueles provenientes do uso de drogas.

Existe um grau de “negação” do problema, porque temos muito pouco a oferecer às pessoas com as duas doenças. Os responsáveis (família e médicos) preferem não tomar conhecimento de tão temido problema uma vez que tão pouca esperança é oferecida.

O abuso de substância complica quase todos os aspectos de tratamento das pessoas com doença mental.

Primeiro é difícil o indivíduo engajar no tratamento, o diagnóstico é difícil porque leva tempo para separar os efeitos interativos do abuso de substâncias e doença mental. Estas pessoas podem não ser toleradas em casa ou em programas comunitários de reabilitação.

Eles perdem seu apoio e sofrem constantes recaídas e hospitalização.

Violência é mais prevalente entre a população com duplo diagnóstico. Os dois – violência doméstica e tentativa de suicídio – são mais comuns e, dos doentes mentais que acabam na cadeia, existe uma porcentagem de dependentes químicos.

Fonte: Sandra Blakeslee, “The New York Times”

Os hospitais detectam cada vez mais drogaditos com quadro de psicose junto à drogadição (principalmente a psicose por cocaína). A psicose por cocaína começa a ser cada vez mais frequente nas consultas psiquiátricas, sugerindo existir uma relação muito estreita entre a “mania de cocaína” e outras enfermidades psíquicas. Muitos pacientes que recorrem aos hospitais por consumo de cocaína apresentam ou apresentaram antes alguma patologia mental.

Quando tentamos relacionar o abuso de substâncias ou dependência química com Transtornos de Personalidade, predominantemente estamos pensando no adolescente, no jovem e/ou no adulto jovem. A classificação correta para os tipos de comportamentos problemáticos, possivelmente decorrentes de Transtornos de Personalidade é: Transtornos Comportamentais Destrutivos.

Entre esses Transtornos Comportamentais Destrutivos estão o Transtorno Desafiador e de Oposição, o Transtorno de Conduta e o Transtorno de Personalidade Antissocial. Todos eles chamados de comportamentos antissociais.

Um ponto de partida na classificação e identificação desses comportamentos antissociais deveria levar em consideração o importante papel da agressividade mal adaptada ou do “mau” comportamento. Quando a agressividade não se apresenta de maneira francamente expressa, vale o mesmo raciocínio para a impulsividade.

Alguns trabalhos sugerem que esse tipo de agressividade-impulsividade esteja presente em crianças, adolescentes e adultos com Transtornos Destrutivos do Comportamento e com Transtorno Anti-social da Personalidade, levando a comportamentos delinquentes e, principalmente, podendo ter uma ligação com a dependência química.

Limitações emocionais

Autoimagem

A autoimagem é a parte descritiva do conhecimento que o indivíduo tem de si próprio, chamado por William James de si mesmo. Ou seja é a descrição que a pessoa faz de si mesma. Esse conhecimento tem também uma parte valorativa que é a autoestima (POTRECK; JACOB, 2006).

Mulher de cabelos escuros segurando um espelho redondo em sua mão direita. No espelho, aparece seu rosto refletido.

Figura 1 – Autoimagem

Autoestima, no singular, pode erroneamente significar que cada pessoa tenha apenas uma autoestima/autoimagem, no entanto um indivíduo pode ter uma imagem de si próprio como grande esportista, mas um professor fracassado. Também há diferença entre a autoimagem individual (características que fazem a pessoa ser única) e autoimagens potenciai (a imagem que a pessoa tem de si no futuro). Por isso, autoimagem e a autoestima são mutáveis como o próprio ser. Grande parte da autoimagem é construída na infância, mas mesmo na idade adulta, ela permanece dinâmica.

Para ler e refletir…

Autoimagem positiva e treinamento mental ajudam a superar limites Muitos desportistas que se dizem impressionados (como a maioria das pessoas) com o desempenho dos atletas olímpicos nessa última versão dos Jogos se surpreendem com a seguinte questão: 

Como é possível para esses atletas um desempenho tão espetacular sob tensões do próprio esporte e o perigo de acidente iminente nas mais variadas disputas?

Ao explicar, de modo geral, como nosso cérebro é capaz de auxiliar a produzir habilidades incríveis e como uma determinada acrobacia altamente complexa executada nas alturas, parece algo muito simples; citamos a importância de um programa mental preciso daquilo que tem de ser feito e

como o atleta cria sua consciência (controle) de movimentos para a tarefa a ser realizada. E é sobre esse treinamento mental que escreveremos a seguir: Não há mistério para treinar a mente dos atletas, como qualquer outro meio de treinamento atlético (por exemplo, preparação física), conhecimento, treinamento e um bom planejamento é um bom início.

A imagem mental é a linguagem do cérebro, que não pode diferenciar a atividade física da visualização bem realizada da própria atividade. Por isso, imagens mentais podem ser utilizadas pelo cérebro para permitir a repetição, elaboração, intensificação e preservação das habilidades e sequências de movimentos atléticos importantes.

Portanto o treinamento mental é a mobilização da consciência (mente) para criar imagens claras e definidas, sem nenhum tipo de interferência de outros pensamentos e simular determinada ação em um contexto real. Por conseguinte, técnicas, táticas esportivas e demais habilidades (controle emocional, autoconfiança, motivação, etc.) são campo de ação e vivência para a aplicação do treinamento mental.

Sendo assim, há um desenvolvimento da auto-imagem, pois é essa que determina os limites para atingir qualquer objetivo particular. Essa autoimagem sendo positiva faz o atleta superar-se, proporcionando confiança e habilidade para isso.

(Fonte: Renato Miranda/UOL-Viya Estelar)

Autoestima

Para compreendermos melhor a autoimagem, precisamos compreender também como alcançamos a autoestima, pois é através dessa avaliação pessoal que poderemos nos tornar seguros para a construção de uma própria ou autoimagem segura e consciente.

Em psicologia, autoestima inclui a avaliação subjetiva que uma pessoa faz de si mesma como sendo intrinsecamente positiva ou negativa em algum grau (SEDIKIDES; GREGG, 2003).

Muito se fala sobre autoestima, mas poucas pessoas entendem o seu verdadeiro significado. Cuidar de sua autoestima vai muito além de cuidar do seu cabelo ou comprar aquela roupa nova. Aliás, estas nem são condições necessárias para o cultivo da autoestima. Todos nós conhecemos, na teoria, a definição básica de autoestima: é a estima que tenho por mim mesmo, ou seja, o quanto me valorizo. O quanto me quero bem e me aceito.

Vamos melhorar esta definição dizendo que a autoestima é um ato de amor e de confiança consigo mesmo. Precisamos entender bem que são as duas coisas juntas: o “amor próprio” e a “autoconfiança”. Faltando um destes ingredientes, não teremos uma autoestima verdadeira.

Amar a si mesmo sem confiança nos seus atos ou pensamentos não resolve. Neste grupo temos as vítimas, aquelas pessoas que desejam algum “bem” para si, mas se lamentam por não terem condições de consegui-lo.

Confiança em seus projetos ou na sua capacidade de conquista sem o amor próprio também não traz felicidade. Neste último grupo, vemos a maioria das pessoas mergulhadas no estresse social, preocupadas em ter e poder, mas esquecendo de ser.

Infelizmente, trazemos uma tremenda dificuldade em cultivar estes dois ingredientes da autoestima (o amor próprio e a autoconfiança), por episódios que se manifestaram desde a nossa criação. Quantas vezes, por medo do egoísmo, deixamos de lado nossa própria vontade para fazer tudo o que o outro queria. Só que autoestima não tem nada a ver com o egoísmo.

O egoísta é um ser vazio e solitário que precisa cada vez mais de coisas e pessoas que o preencham. Gente com boa autoestima, apenas reconhece que, como qualquer ser humano, tem o direito de valorizar e satisfazer suas vontades (Fonte: blog Psicologia para você).

E para que todos esses desejos possam tornar-se realidade, nos “deixamos levar” muitas vezes por pensamentos, ações e impulsos nada favoráveis ao nosso benefício, pondo por água abaixo o critério de autoestima, substituindo-o por carências e prazeres desconjuntados e sem futuro feliz.

Construindo a autoestima

“Amor-próprio”, “faz bem ao ego”, “gostar primeiro de si para poder amar o outro”, etc., são termos citados pelas pessoas usualmente para designar a ideia da necessidade da autoestima.

Trata-se aqui de esclarecer o quanto é complexa essa rede de significações, o quanto sua origem é primitiva e o quanto está ligada a aspectos inconscientes relacionados a fases originárias do desenvolvimento.

Quando se fala em narcisismo, no senso comum, a palavra é associada automaticamente a uma ideia de vaidade excessiva, um amor exagerado a si mesmo. Entretanto, psicologicamente, o conceito de narcisismo se refere a uma etapa do desenvolvimento libidinal, onde a libido está voltada para o próprio ego em formação.

Explicando melhor, nesse começo o narcisismo marca estruturalmente o surgimento de um sujeito e não se trata de uma defesa, mas de uma etapa fundamental no desenvolvimento.

É o momento em que todo o afeto que puder ser recebido será interiorizado, com uma certa sensação de segurança interna. Isso não será “guardado” somente na formação do sujeito e sim durante toda a sua infância.

Na verdade, desde a concepção, ainda que não haja um corpo real, o narcisismo já existe – ou não – isso depende do desejo da mãe. Trata-se da primeira “aceitação”, da forma com que esse ser é recebido e em que estrutura de significações ele vai surgir.

O ser humano é o único ser vivo que nasce em total dependência para sobreviver. Precisa do outro que o cuide muito bem. Mas, o mais importante é a forma com que ele é cuidado e não apenas ser cuidado. Ao nascer, saímos de uma situação segura, de absoluto equilíbrio, para um ambiente desconhecido de sensações que pedem por satisfação.

A forma com que essa escolha acontece é o mais importante. Se esse ser que acabou de conhecer o mundo por total é respeitado em suas necessidades primordiais, este então pode, na medida em que rompe essa ligação simbiótica ou relacional de dependência, construir seguros recursos internos capazes de vir a suprir todas as necessidades e frustrações.

É importante ressaltar que essa disponibilidade é responsável, por fatores na mãe ou em quem exerça a função da “maternagem”, por aspectos inconscientes relacionados diretamente com suas próprias questões e sua história de vida. A forma com que será estabelecido esse vínculo é que irá determinar a forma com que esse sujeito se postará ao mundo.

As relações afetivas são marcadas por uma reprodução muito evidente das primeiras formas de relação. É possível imaginar o quanto essa falta primitiva é capaz de atravessar as relações de afeto no adulto, que muitas vezes se funde no outro ou arrasta o buraco de suas privações para todos do seu convívio, atualizando algo que foi construído em fase bastante anterior.

Temos, então, a ideia do sujeito como ser em construção permanente, mas inscrito num contexto de significações sociais e familiares onde as primeiras relações são de crucial importância. Porém, não se trata então de culpar e sim de responsabilizar aquele que cuida ou educa, uma vez que todos trazem as próprias marcas (Fonte: blog Psicologia e saúde).

Para ler e refletir…

Desenvolvendo sua autoestima

O resgate da autoestima acontece quando você resolve e compreende que só precisa ser quem você é para que essa percepção aflore. Você pode confrontar qualquer opinião e não ficar preso a um único ponto de vista. Mas descobre que, se no passado era importante ouvir e respeitar as ordens dos adultos, hoje você pode ser dono de seu próprio destino. Passa a respeitar mais as suas próprias ideias então se ouvindo mais. É por esta razão que pessoas que possuem uma boa autoestima nunca se sentem sozinhas, pois a solidão é a distância que se tem de si próprio.

Quando cultivamos a autoestima, nos tornamos pessoas mais conscientes, mais responsáveis por nossos atos. Percebemos que temos todo o direito de honrar nossas necessidades e vontades que consideramos importantes. Lembre-se, antes de tudo o importante é amar a nós mesmos!

Referências:

POTRECK, Rose; JACOB, Gitta. Autoconfiança. Clett-Kota, 2006.
SEDIKIKES, C. GREGG, A.P. Portraits of the self. Hogg e Cooper, pag 110 a 138. Londres, 2003.


Este material foi baseado em:
ZAITTER, Menyr Antonio Barbosa; LEMOS, Meillyn Hasenauer Zaitter. Psicologia aplicada à reabilitação. Curitiba: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná, 2011.

Última atualização: quinta, 20 jan 2022, 14:52

Como identificar o usuário

Tipos de usuários

É útil distinguir vários tipos de usuários de drogas, segundo critérios científicos, para desfazer o preconceito de que todo usuário seja “viciado” ou “marginal”. Assim a UNESCO distingue quatro tipos:

  1.  Experimentador – Limita-se a experimentar uma ou várias drogas, em geral por curiosidade, sem dar continuidade ao uso. Tipos de drogas experimentadas: Álcool, Cigarro, Maconha, Emagrecedores, Soníferos, Depressores e Lança perfume.
  2.  O usuário ocasional – Utiliza uma ou várias substâncias, quando disponível ou em ambiente favorável, sem rupturas nas relações afetivas, sociais ou profissionais;
  3. Usuário habitual ou “funcional” – Faz uso frequente, ainda que controlado, mas já se observam sinais de ruptura;
  4. Usuário dependente (toxicômano, drogadito, dependente químico) – Vive pela droga e para a droga, descontroladamente, com rupturas em seus vínculos sociais, podendo haver marginalização e isolamento.

O jogo é droga?

Segundo a CID.10, a característica essencial do Jogo Patológico é um comportamento de jogo mal adaptativo, recorrente e persistente, que perturba os empreendimentos pessoais, familiares e/ou ocupacionais. A pessoa com esse transtorno pode manter uma preocupação com o jogo, tais como, planejar a próxima jogada ou pensar em modos de obter dinheiro para jogar.

A maioria dessas pessoas com Jogo Patológico afirma que está mais em busca de “ação” do que de dinheiro e, por causa dessa busca de ação, apostas ou riscos cada vez maiores podem ser necessários para continuar produzindo o nível de excitação desejado. Os indivíduos com Jogo Patológico frequentemente continuam jogando, apesar de repetidos esforços no sentido de controlar, reduzir ou cessar o comportamento.

Através do reforço emocional intermitente, onde ganhar é um reforço positivo imediato e perder é “apenas” uma circunstância aleatória, o indivíduo apresenta o comportamento compulsivo de jogar. Está sempre na expectativa de ganhar, como foi conseguido anteriormente. Existe ainda uma sensação especial no comportamento de risco, o que ocupa a mente do jogador fazendo que passe a repetir o comportamento (dependência).

A ”aditividade” é um comportamento humano que significa incapacidade de gerir as frustrações da vida. O adito é uma pessoa que não tolera as angústias mais “pesadas” refugiando-se em fantasias de grandeza, achando que com o jogo vai resolver todos os problemas. Existe uma compulsividade em volta desse comportamento. É verdade que nem todas as pessoas que jogam possuem essa compulsividade, sabendo algumas delas parar no momento em que está a perder tudo o que tem.

O vício em jogos é um transtorno do comportamento que consiste na necessidade compulsiva de participar em jogos de adivinhar. Este transtorno ou ludopatia é uma alteração progressiva do comportamento no qual um individuo sente uma incontrolável necessidade de jogar, ignorando qualquer consequência negativa.

Tão forte pode ser o vício nos jogos que a alimentação, sexo ou relação social passam a ser construídas como algo secundário. O jogador compulsivo é dominado por um impulso incontrolável para aceitar risco, um fato que se vê durante toda sua vida. Em muitas situações, o jogador tem que procurar atividades ilegais ou contra sua própria natureza para obter o dinheiro que escapa de suas mãos. Também apresenta um elevado risco em cometer suicídio. Tantas tensões levam o padecimento de enfermidades de origem psicossomática e um total descentramento vital.

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Psiquiátrica Americana, o jogo patológico é caracterizado pela persistência e recorrência do comportamento de jogar, indicado pela presença de pelo menos cinco dos seguintes itens:

  1. Preocupar-se com jogo (preocupação com experiências passadas, especulação do resultado ou planejamento de novas apostas, pensamento de como conseguir dinheiro para jogar);
  2. Ter necessidade de aumentar o tamanho das apostas para alcançar a excitação desejada;
  3. Esforçar-se repetidamente e sem sucesso para controlar, diminuir ou parar de jogar;
  4. Inquietar-se ou irritar-se quando diminui ou para de jogar;
  5. Jogar como meio de escapar de problemas ou para aliviar estado disfórico (sentimentos de desamparo, culpa, ansiedade, depressão);
  6. Depois de perder dinheiro no jogo, frequentemente retornar no dia seguinte para recuperar o que perdeu;
  7. Mentir para familiares, terapeuta ou outros para esconder a extensão do envolvimento com jogo;
  8. Cometer atos ilegais como falsificação, fraude, roubo ou desfalque para financiar o jogo;
  9. Perder ou arriscar-se a romper relacionamentos significativos, oportunidades de trabalho, educação ou carreira por causa do jogo;
  10. Contar com outros para prover dinheiro para aliviar situação financeira desesperadora por causa do jogo.

Este material foi baseado em:
ZAITTER, Menyr Antonio Barbosa; LEMOS, Meillyn Hasenauer Zaitter. Psicologia aplicada à reabilitação. Curitiba: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná, 2011.

Última atualização: quinta, 20 jan 2022, 14:47

Mesmo que as drogas sejam gigantes, o conhecimento é nosso Michael Jordan.

(click no link para assistir o vídeo ) https://www.youtube.com/watch?v=SCFeuHyDQ24

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