A desintoxicação
Para muitos alcoólicos e dependentes químicos, uma clínica de desintoxicação é o inicio de um processo de tratamento. Uma forma de se definir desintoxicação: é o processo pelo qual uma pessoa que está fisicamente dependente do álcool, drogas, fármacos, ou por uma combinação dessas substancias é limpa da dependência da droga ou de drogas. Mais ainda é um período de reajustamentos físicos e psíquicos necessários para prosseguir para o tratamento.
Objetivos da Desintoxicação
O termo desintoxicação implica a limpeza de toxinas. Para a maioria dos alcoólicos e dependentes de outras substâncias, a remoção das drogas dos seus corpos é sem dúvida o necessário no processo de desintoxicação. Contrariamente ao tratamento de pacientes que estão fisicamente dependentes do álcool e outras drogas, cuja desintoxicação também inclui um período em que a fisiologia do organismo tem que se ajustar a abstinência de drogas e / ou álcool.
A desintoxicação consiste na retirada gradual da substância em situações controladas. Algumas vezes, uma droga com efeito similar é substituída durante processo de abstinência, para reduzir os sintomas de desconforto e os riscos associados com a abstinência. O processo é realizado em ambulatório ou em hospital, dependendo da substância.
Contudo a desintoxicação não é um tratamento para um comportamento de abuso de drogas e/ou álcool. É sim um procedimento para aliviar sintomas de ressaca, em curto prazo, provocados pelo afastamento das substâncias. A desintoxicação deve incluir um período de reajustamento psíquico destinado a preparar o paciente a dar o próximo passo.
Processo de desintoxicação
Nesta situação é importante avaliar três variáveis:
- Usuário: personalidade, fisiologia, motivação para o uso da droga, expectativa quanto ao efeito, medo, etc.
- Cenário: se o local é seguro ou ameaçador, estranho ou familiar, acolhedor ou apertado, tranquilo ou agitado, quente ou frio, barulhento ou quieto, o que está ocorrendo em volta, hora do dia, etc.
- Droga: tipo de droga, quantidade, quantas vezes foi usada, como foi administrada (fumada, aspirada, ingerida, injetada), se já era usada antes, durante quanto tempo, grau de pureza da droga, se misturou algo com a droga, etc.
Apenas quando a somatória desses três fatores é negativa, a pessoa necessitará de ajuda. O socorrista, quando for atender, pode ser de grande ajuda:
- Sendo tranquilizador, não ameaçador;
- Colocando a pessoa em lugar calmo, não barulhento;
- Mantendo a temperatura agradável;
- Interferindo de forma valiosa na modificação do hábito de usar drogas;
- Explicando para o usuário os efeitos ocorridos;
- Explicando os efeitos da droga.
A desintoxicação é vivida como uma propedêutica ao que vai se seguir tenha sucesso ou não. Ela deve introduzir na memória do sujeito uma lembrança suficientemente satisfatória, mesmo na sua parte dolorosa, para que ele faça uma primeira comparação com o duo do sujeito e o seu produto.
Este material foi baseado em:
ZAITTER, Menyr Antonio Barbosa; LEMOS, Meillyn Hasenauer Zaitter. Psicologia aplicada à reabilitação. Curitiba: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná, 2011.
Última atualização: quinta, 20 jan 2022, 14:50
Métodos de utilização terapêutica
Observação
Desde a introspecção ao método clínico, o estudo da psicologia passa pela observação dos fenômenos psíquicos. A realização da observação isolada do método experimental sucede por, em determinadas ocasiões e por motivos práticos, não ser possível o recurso ao método experimental. Contudo é sempre possível estabelecer hipóteses e recorrer a técnicas de observação que permitam a verificação das hipóteses sem passar pela experimentação.
As condições em que essa observação é produzida levam a identificar diferentes formas:
- Laboratorial – Produzida em condições controladas.
- Naturalista – Elaborada no meio natural em que se desenrola a situação.
- Invocada – Realizada a partir de situações ocasionais e em que as condições não são controladas nem previstas. (Fonte: blog Projeto Psicologia)
A observação familiar no processo de tratamento do dependente químico é essencial para o início de um progresso vitorioso. A família, uma vez observada pelo profissional de psicologia, torna o processo terapêutico um poderoso aliado ao membro doente. Essa observação baseia-se em todas as atitudes e/ou comportamentos dessa família como conversas entre si, momentos do dia a dia, fatos, ações, ou seja, tudo o que a família executa em conjunto ou para com o dependente em questão.
Avaliação
Uma avaliação familiar pode ser um grande auxiliar no planejamento do tratamento; fornece dados que corroboram com o diagnóstico do dependente químico, bem como funciona como forte indicador do tipo de intervenção mais adequado tanto à família quanto ao dependente.
A avaliação detalhada do quanto, como e onde se dá o consumo de drogas pelo adolescente fornece informações sobre o grau de envolvimento com a droga e a gravidade do quadro clínico. Esta avaliação é especialmente importante na elaboração da estratégia de tratamento.
Perguntas sobre o envolvimento em atividades ilegais devem ser feitas, uma vez que este é, em grande número de casos, o motivo que leva o adolescente a procurar ajuda profissional. Outras áreas que devem ser avaliadas sistematicamente são o desempenho escolar – muitas vezes prejudicado pelo uso de drogas – e a vida sexual.
O exame clínico completo, juntamente com o exame neurológico (pensamento, memória, expressão motora e verbal), deve fazer parte da avaliação de todo adolescente que faz uso de drogas. Ainda que alterações físicas nessa faixa etária sejam menos frequentes que nos adultos, deve-se sempre estar atento para sinais e sintomas de alterações físicas e psicológicas decorrentes de intoxicação por drogas (agudas) ou crônicas, que são aquelas que se manifestam após período prolongado de uso de drogas.
A avaliação da família e do contexto social do adolescente é obrigatória, uma vez que são fatores importantes no início e na manutenção do uso de drogas. Além disso, são aspectos fundamentais no processo de tratamento desses adolescentes. Deve-se, portanto, investigar se há outros casos de dependência na família, assim como antecedentes familiares de criminalidade relacionada ao uso/abuso de drogas e abusos sexuais. A forma como a família enfrenta ou enfrentou tais situações também é importante e deve ser conhecida, pois irá embasar o trabalho familiar a ser desenvolvido.
Diálogo
A questão do diálogo na psicoterapia sempre foi e sempre será um assunto primordial. Salvo raras exceções, mesmo quando o objetivo central da terapia não é o aspecto dialético, ou seja, a argumentação, a discussão e a controvérsia, o diálogo tem seu espaço preservado.
Etimologicamente, diálogo significa conversação entre duas pessoas, troca, familiaridade. Duas pessoas que se disponham ao diálogo buscam tornarem-se mais conhecidas uma da outra, mais próximas, cientes e sabedoras de algo particular do outro, enfim, consciente daquele indivíduo que compartilha um universo composto de mundos particulares, peculiares e diferentes do seu em suas experiências e suas vivências. A família no tratamento mostra que o diálogo ainda existe.
A rotina da dependência química traz ressentimentos para todos. Muita roupa suja vai ser lavada. No entanto, é preciso entender que se trata de uma doença. Em um primeiro momento a motivação do dependente para a mudança e do apoio da família para mantê-lo motivado são importantíssimos. Isso demonstra que a família ainda é capaz de se unir, conversar e resolver seus problemas. Quando o momento de ir para o tanque chegar, todos estarão fortalecidos e o assunto será tratado com mais ponderação e menos emoção.
Atitude
A família no tratamento significa buscar um novo elo entre os seus membros. Um novo casamento, uma nova criação dos filhos, uma nova imagem do pai e da mãe. O caminho novo a seguir é incerto e por isso sujeito a erros. Muitos erros surgirão. Impossível não errar dentro de uma situação tão complexa como essa. Aliás, só não cometem erros aqueles que nada tentam… A todo instante tais erros precisam ser conversados, discutidos a fundo entre os membros e a equipe profissional que os assiste. Tratar o dependente não se resume à busca pela abstinência. É também a construção de um novo estilo de vida. Para o dependente e para a família.
Este material foi baseado em:
ZAITTER, Menyr Antonio Barbosa; LEMOS, Meillyn Hasenauer Zaitter. Psicologia aplicada à reabilitação. Curitiba: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná, 2011.
Última atualização: quinta, 20 jan 2022, 14:51